O pó da terra

By Paulo on terça-feira, março 24, 2009

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Mais um dos texto da Luciana Elaiuy (ir para o blog dela), poderia inúmerar milhões de porque's de tantos textos dela aqui, mas deixo aberto para que vocês interpretem cada um de sua forma.

Vai de tênis sujo e entra nos lugares dos tênis limpos. Ninguém consegue decifrar o que você tem de tão especial. Como pode estar em tantos lugares e ainda ter tempo de sentir solidão, solitude, sei lá? Talvez seja isso. Sua solidão de tão nobre, vira solitude vez ou outra. Vira um verso bom demais para os tênis limpos. Vira o caminho que os nojentos têm medo, mas que vale a viagem do vento na cara, seus olhos fechados, o frio na espinha, boca seca de tanto rir. Sempre na volta o fim da tarde sorri para você: “você se suja como ninguém, hein?” E ainda assim, você nunca é a sujeira completamente. Você nunca esconde nada, você nunca! Então que parte é essa sua que não estraga? Que tom é esse que mantém boa a sua cara de manhã? Eles pensam que é privilégio, mas não é. Isso é coisa de quem sabe sempre mais que os outros. De quem tem aliados no céu, no chão, no ar. Coisa de quem leu até o final, sem precisar correr os olhos com muito cuidado. Porque tem isso também: Seus olhos passeiam. Eles não embaralham as letras. E eu não sei como eles se divertem tanto por aí, sem te ver por aí, pelas horas. Onde seus olhos estão agora? Não importa. Eu sigo os passos. Você vai sem sapatos, pálpebras calçam seus olhos fechados, você enxerga tudo por dentro, tudo do outro lado. E tudo que eu vejo pelos seus olhos é sempre muito nu. O heróico que há em você não precisa de fantasias. Não vem em tranças, bordaods, costuras. Eu olho sem surpresas: eis aí um sentimento cru. Isso é quase raiva para qualquer poeta que vê. Pra quem tem pouco o que dizer. Seus tênis sujos, sua boca as vezes suja, seu coração mais humano que o pó da terra, sua folia de lama quando tem chuva, essas coisas causam mesmo muita inveja. O tempo todo estivemos aqui, sonhando com nuvens e plumas, violinos e bolhas, harpas ao fundo, palavras difíceis, horizontes profundos, e você, com passos simples alcançou mais do que imaginamos. E é aí que anda o gosto do gosto. É isso que qualifica a sujeira e deixa ela quase um pó de ouro, jóia difícil, coisa para poucos. Não há nada de errado. Não é pecado. É só poeira, sujeira. A gente daqui acha bobeira, mas você preza o pó como o sal que mantém a coisa verdadeira. E não tem nada de esquisito, nada de muito bonito. Nós também não fomos feitos disso?

Luciana Elaiuy

1 comentários for this post

Anônimo

O que aconteceu com o coração de pedra do meu amigo?
Ele ta tão sentimental...
Kkkkkkkkkkkkkkk...
Adorooooooo!!!!!!!1

Posted on 24 de março de 2009 às 06:57  

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